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Presságio

Atualizado: 2 de dez. de 2020

- Sheila Pitombeira -

Sheila Pitombeira

Desde o fatídico dia 28 de outubro deste ano de 2018, data da eleição do capitão Bolsonaro à presidência do Brasil, ao invés do prenúncio de bons novos tempos pro futuro, vislumbramos incertezas, ódio, rancor e tristezas. Além disso, guardamos a sensação de que esse mal augúrio já se prenunciava e nos perseguia e agora nos aprisiona num doloroso mal-estar de incapacidade, inépcia e desalento com o futuro.

Essa sensação prenunciada de uma desgraça que se avizinha, que bem poderia ter sido evitada não fossem o preconceito e as questões de honra invocadas pela maioria dos eleitores, em muito se assemelha à trágica morte de Santiago Nasar, na crônica de Gabriel Garcia Marques, onde a vida imita a arte.

Na narrativa literária, tal como nos ocorre agora, nos primeiros dias que se seguiram ao assassinato do personagem, bem como nos anos seguintes, não havia outro assunto na cidade que não fosse voltado para a compreensão do acontecido. E todos se questionavam, aturdidos, qual terá sido o “espaço” e a “missão” reservados a cada um nessa fatalidade.

De igual modo, retornando ao cenário tupiniquim, perguntamo-nos atônitos: - será mesmo possível que um “preconceito pode mover o mundo”, pondo-o de cabeça para baixo, invertendo valores fraternais e disseminando horrores e discórdias como propostas de vanguarda?

 

Sheila Pitombeira é Professora de Direito da UNIFOR e Procuradora de Justiça/CE.

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