Uma nova coluna da Pub -
Comemorando este ensolarado 7 de setembro, a Revista PUB - Diálogos Interdisciplinares apresenta seu mais novo colaborador, Sr. Ranzungo Resminza (107 anos), que promete nos brindar periodicamente as suas resenhas. Ranzungo Resminza é natural de Lindoso, ao Norte de Portugal, onde aprendeu a escrever com uma bela pastora de ovelhas negras. Aos 10 anos, a família migrou para Goa, a fim de melhor atender aos desígnios do Sr. Presidente Antonio de Oliveira Salazar. No entanto, farto de tanto comer legumes com curry, Ranzungo Resminza migrou para o Brasil, estabelecendo-se em Pomerode, Santa Catarina. É daquela cidade que nosso novo colunista remeterá sempre as suas colaborações. A todos, uma boa leitura!
São Paulo, 7 de setembro de 2023
Os editores
Leituras do Sr. Ranzungo
Por: Ranzungo Resminza
(Direto de Pomerode/SC)
Cover do Police
Há alguns dias, minha bisneta Patrícia disse que ia a um festival de música em Interlagos e que só voltaria na manhã seguinte. Não falei nada, pra não ser acusado de burro, mas que eu saiba Interlagos não é Woodstock. Nem sequer é Iacanga, pra dizer a verdade. Queria só ver a cara dela, quando ela voltasse dizendo que em lugar do show, tinha assistido a um racha de escuderias. Afinal, Interlagos é um autódromo onde na minha juventude eu ia ver as corridas dos irmãos Emerson e Wilson Fittipaldi. De manhã, ela chega toda suada e suja de terra, mas feliz da vida: conseguiu assistir à apresentação de sua banda preferida da semana. Ou melhor, seu cantor: um tal de Bruno Mars. E disse para não confundir Bruno Mars com Jason Mraz. Não há a menor chance disso, eu sei que Jason é o personagem do massacre da serra elétrica. Entrou no Espatifei e botou a música "Locked out of Heaven". Ri da ignorância de minha bisnetinha: essa música é velhíssima. Trata-se de "Don't stand so close to me", do Police. Patricinha ficou puta da vida, disse que não tem nada a ver uma coisa com outra. Se alguém duvida, espatife e compare as duas gravações.
FUFUCA NOS ESPORTES
De umas décadas para cá, não sei o que acontece comigo. Levanto umas seis vezes de madrugada para fazer xixi e depois fico sem sono. Nessas horas, costumo ligar o celular e passar os olhos nos noticiários do UOL. A manchete do 7 de Setembro é a demissão de Ana Moser do Ministério dos Esportes. Em seu lugar, Lula nomeia o ilustre André Fufuca (PP/MA), líder do partido de Arthur Lyra. O nome realmente inspira confiança, mas não dos esportistas nem do povo que elegeu Lula. Inspira confiança, enfim, do próprio Lyra, que na prática é quem preside o país há nove meses, enquanto Lula passeia de Rainha da Inglaterra pelo mundo afora. Confiança também, claro, da CBF. Padrão FIFA!
Para quem temia uma manifestação democrática no Planalto em defesa do direito de destruir os três poderes, Lula estragou a festa oposicionista. Depois de nomear Zanin, esse portento do conservadorismo, para reforçar o time de Kássio e André no STF, de encomendar pareceres da AGU para facilitar exploração de petróleo no Amazonas, agora Lula destrói qualquer expectativa de democratização da política de esportes no país.
Açaí, guadiã, som de bezerro
E a seleção brasileira em Belém? A cidade da COP 30 rende homenagem à vanguarda do atraso na figura do Neymar, um jogador do Al Hilal, da Arábia Saudita - nova integrante do BRICS. Pelo menos o Richarlysson já tomou açaí na forma paraense, sem açúcar e com peixe frito de dourada, só temperado com limão e pimenta, em homenagem às comunidades tradicionais da Amazônia. É um contraponto ao agronegócio.
Don't get angry with me
Mas nem tudo é tristeza neste sete de setembro. O The Guardian anuncia o lançamento de "Angry", o primeiro tira-gosto do esperado álbum "Hackney Diamonds" da banda Rolling Stones. A canção já está disponível no Espatifai e serve para dar algum alento à modorra no mundo do rock o último show da banda no estádio do Morumbi. A letra, porém, anuncia:
Don't be angry with me / I'm still taking the pills and I'm off to Brazil.
Com os Stones, eu peço: don't get angry with me! Que os petistas não fiquem bravos comigo, mas a julgar pelas contínuas perdas políticas em seu braço-de-ferro com a extrema-direita, o Lula III está muito mais para Mitch McConnell do que pra Mick Jagger.
Nota: Acabo de ler a apresentação dos editores. Já aviso que não vou escrever nada com regularidade, mas só quando me der vontade, a não ser que a Revista PUB - Diálogos Interdisciplinares resolva me remunerar. Afinal, não sou motorista de Uber pra trabalhar de graça e ainda receber xingamento da classe média.
Patricinha pode até ter ficado puta da vida, mas o bisa tem razão! Não, que ter razão adiante de muita coisa nessa vida! 😏