-MARIALICE ANTÃO DE OLIVEIRA DIAS-
A floresta e seu solo não só retêm apenas um grande volume de água da chuva, como também filtra parte da água potável da qual as fontes são coletadas ou armazenadas nas águas subterrâneas, ou seja, o volume em questão é imenso. Nesse ensaio, discorreremos sobre o desmatamento no Estado de Rondônia.
Em Rondônia no ano de 2017, a Polícia Federal num combate ao desmatamento ilegal desenvolveu a Operação Máfia de Toras. Tal denominação é justificada, pois, segundo as investigações, os suspeitos criaram uma comunidade nas redes sociais denominada ‘Máfia de Toras’, e postavam fotos de extração clandestina de madeira no Estado de Rondônia, sendo o município de Nova Mamoré o mais explorado.
Os responsáveis pelo crescimento desordenado do desmatamento são fazendeiros, grileiros, madeireiros e a maioria das operações do IBAMA detectaram que as áreas mais atingidas pela grilagem são as reservas Indígenas, sendo que a madeira é vendida ilegalmente a madeireiras de várias regiões do Estado de Rondônia, e também fazendeiros têm desmatado suas terras para a criação de gado e até mesmo a para a agricultura.
O Estado de Rondônia possui áreas de mata nativa onde se localizam as várias aldeias indígenas, que vêm sofrendo com a invasão de fazendeiros e madeireiros em suas reservas, visando tais invasores a comercialização da madeira e outros recursos ambientais. Para tanto, o emprego do uso do fogo é uma constante, funcionando como um ato de vilania descontrolado, devastando tudo que encontra em seu caminho, se propagando a queimada por quilômetros, ultrapassando rios e estradas, lambendo as labaredas de fogo todo ser vivo que encontra em seu caminho, causando incêndios em extensões de florestas, representando uma destruição de centenas de hectares.
Embora os incêndios florestais tenham conseqüências ambientais diferentes, dependendo de sua importância e frequência, as causas também são diversas. “Seria estar queimando a mata ou derrubar ou perder a pipa ou papagaio” conforme Maria Socorro Furtado Marques na sua dissertação de Mestrado pela UFF, que tive o privilégio de participar como membro da banca de avaliação.
As queimadas aumentarem 370%, Rondônia deflagra operação de combate a incêndios. Operação Jequitibá foi iniciada nesta sexta-feira, 23. Equipes percorrerão vários municípios para prevenir e combater focos. De acordo com dados do Corpo de Bombeiros, Rondônia teve um aumento de 370% de focos de calor neste mês de agosto, se comparado ao mesmo mês em 2018. A corporação aponta ainda que 75% dos incêndios acontecem em seis municípios ao norte do estado, como Porto Velho, Cujubim, Candeias do Jamari, Nova Mamoré, Machadinho do Oeste e Buritis. [aqui].
Um dos incêndios resultou em duas vítimas, um casal, Romildo Schimdt, de 39 e Eidi Rodrigues de Lima, de 36 anos, morreram carbonizados na pequena propriedade deles, no assentamento onde moravam, quando ao tentar salvar o pouco dos seus pertences, que juntaram em muitos anos de trabalho na roça, incluindo materiais de construção e criações de animais, como porcos e galinhas, não conseguiram escapar e morreram queimados, foram encontrados abraçados. Inclusive várias famílias da vizinhança também foram atingidas.
Assim, o homem, movido pela ganância, deixa de lado os seus semelhantes, visando como prioridade o lucro.
Diante das normas civis de convivência (direito de vizinhança), limita o exercício ao direito de propriedade criando o dever de respeitar o sossego, a saúde e a segurança dos vizinhos, como regras de ouro numa relação de cidadania idealizada, podendo-se concluir com os dados oferecidos que os níveis de poluição ultrapassaram os limites máximos indicados pelos órgãos regulamentadores, causando problemas de saúde e desconforto à população dada tal agressão pelas queimadas ao meio ambiente, deixando de lado o ecologicamente correto e a sadia qualidade de vida direito garantido pela nossa Carta Magna.
"A natureza criou o tapete sem fim que recobre a superfície da terra. Dentro da pelagem desse tapete vivem todos os animais, respeitosamente. Nenhum o estraga, nenhum o rói, exceto o homem." - Monteiro Lobato
MARIALICE ANTÃO DE OLIVEIRA DIAS, colunista da Revista PUB, todo o dia 05 de cada mês, Membro do Instituto Brasileiro de Advocacia Pública - IBAP, é ativista de Direitos Indígenas.
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