-MARISE COSTA DE SOUZA DUARTE-
Vivemos em um momento da história da Humanidade onde é preciso reconectar saberes. Buscar outras maneiras de interpretar o que vemos, o que sabemos e o que podemos construir para melhorar o mundo em que vivemos.
Os séculos XVI e XVII (conhecidos como a Era da Revolução Científica e da Modernidade) nos apresentaram uma visão de mundo mecanicista que nos ensinou a pensar de forma fragmentada.
A ideia de um Universo orgânico e vivo foi substituída pela visão do mundo como uma máquina. A Terra deixou de ser vista como Kosmo (um Todo) para ser objeto de dominação e de exploração.
As ideias de unidade, de comunidade e de bens comuns foi rompida, especialmente no Ocidente, para dar lugar ao individualismo e ao acúmulo de bens.
Nesse cenário ocorreram as colonizações, a Revolução Industrial e, mais recentemente, a globalização da economia, das culturas e do mundo.
Houve resultados positivos nesse percurso? Certamente! Mas neste momento especial da História da Humanidade é necessário e urgente questionar essa forma de pensar que nos trouxe até aqui, no Antropoceno, onde o comportamento de uma única espécie (o “ser humano”) vem alterando, de forma nunca antes imaginada, o funcionamento do nosso Planeta; promovendo intensas mudanças globais que podem levar à sexta extinção em massa de espécies.
De caçadores-coletores nos tornamos uma força geofísica global. Os limites ou fronteiras planetárias, expressão usada por renomados cientistas da atualidade, nos mostram que está (total ou parcialmente) comprometida a capacidade de autorregulação e resiliência de vários processos biofísicos do Sistema do Planeta Terra, como no caso das Mudanças Climáticas e da perda da biodiversidade.
A pandemia nos trouxe a (enorme) necessidade de repensar nossas formas de viver e de ver o mundo. Percebemos que a pandemia não é só uma crise sanitária, provocada pela forma indevida da relação do homem com a Natureza. Ela nos mostrou que questões de saúde, ambientais, econômicas, políticas, educacionais e tantas outras estão todas conectadas!
Se vínhamos, já há algum tempo, percebendo a necessidade de reconectar as coisas. Agora isso é mais do que necessário; é urgente!
Marise Costa de Souza Duarte é Professora da UFRN, associada da APRODAB e do IBAP.
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