NOS BAILES DA VIDA
- Revista Pub

- 9 de set.
- 3 min de leitura
-SANDRA CUREAU

Muito se falou sobre Luis Fernando Verissimo, o inigualável cronista, humorista, roteirista, cartunista e tradutor, falecido no último dia 30 de agosto.
Várias pessoas o homenagearam com a publicação de suas melhores crônicas; outras, as mais chegadas a ele, publicaram fotos e compartilharam momentos em comum. A imprensa relembrou as raras entrevistas do reservado autor, um dos escritores mais lidos e bem-sucedidos do Brasil.
Da minha parte, também curti suas crônicas em jornais e revistas, ou mesmo reunidas em livro, e os seus cartuns. Mas, teria algo incomum a comentar sobre ele, lembrança de uma época agora distante.
Na verdade, quando conheci L. F. Veríssimo, nem desconfiava do quanto ele se tornaria famoso através de uma carreira voltada à literatura. Mais ainda: nem conjecturaria sobre quem pudesse ser aquele discreto jovem saxofonista.
Corriam os anos 1960 e, em Porto Alegre, cidade onde nasci e vivi minha juventude, os bailes de sábado à noite eram a programação predileta de garotas e rapazes. Sem faltar um sábado, nos enfeitávamos e lá íamos nós. Os rapazes de terno e gravata, as meninas com vestidos “recepção”. Esses bailes aconteciam em alguns clubes, mas os especiais eram aqueles realizados no salão de festas da Reitoria da Universidade do Rio Grande do Sul, que ainda não era federal.
Claro que a essa época nem se imaginaria algo como “música eletrônica” ou DJ, para criar o clima musical, nem globos luminosos girando no teto do salão; os bailes, eram embalados por “conjuntos melódicos” – equivalentes ao que hoje chamamos bandas – integrados, em sua maioria, por jovens estudantes universitários: Flamingo, Flamboyand, Renato eram os principais.
Para os bailes organizados pelo Centro Acadêmico da Faculdade de Medicina, os convites, nada baratos, eram os mais disputados, já que toda a mãe sonhava com um genro médico, então a profissão mais promissora. Consequentemente, era também o vestibular mais difícil, face ao grande número de candidatos.

As mesas para esses bailes eram compradas com antecedência, sendo que as de pista, por possibilitarem que as garotas ficassem sentadas em lugares privilegiados, eram as mais caras, mas ainda assim se esgotavam logo. Preciso lembrar que naquele tempo, anterior ao advento das discotecas, as jovens adolescentes, acompanhadas geralmente de suas mães, aguardavam ser tiradas para dançar. Os bailes de salão eram dançados a dois: os pares se deslocavam pelo espaço social, buscando mover-se em sincronia com a música que estava sendo tocada. O papel feminino era, pois, bastante passivo nesse tipo de divertimento, prelúdio de futuros namoros e, não raras vezes, de casamentos. Apenas para soar um pouco menos machista, preciso esclarecer que, geralmente, as paqueras ditavam quem iria dançar com quem.
O Conjunto musical do Renato, que contava com o maior prestígio, devia seu nome ao bandleader Renato Maciel de Sá Jr., que mais tarde se tornaria conhecido como o autor dos três volumes do Anedotário da Rua da Praia, grande sucesso editorial dos anos 1980, no qual contava histórias divertidas de personagens e costumes ligados à memória de uma Porto Alegre que então já não existia e que, em muitos, havia deixado saudades.
Conheci Renato Maciel de Sá Jr. no Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul, por volta de 1984, quando, pela primeira vez, fui designada Procuradora Regional Eleitoral, cargo que viria a ocupar, posteriormente, também, no Rio de Janeiro. Renato Integrava o TRE/RS como um dos representantes da classe dos advogados. Tornamo-nos amigos e como, à época, o Tribunal só dispunha de um veículo para transportar os seus membros e a representante do Ministério Público, ao final das sessões – realizadas à tarde –, para seus locais usuais de trabalho, essas curtas viagens tornavam-se motivo de brincadeiras entre os respeitáveis passageiros.
Foi, pois, nessa época que Renato me contou quem eram os integrantes do seu antigo conjunto musical, ainda que, ao longo dos anos, alguns tivessem saído – ou porque estavam concluindo o curso universitário ou porque buscavam outras carreiras –, sendo substituídos por outros músicos. E soube também que, em muitos bailes da minha adolescência, tivera a honra de dançar ao som do saxofone de Luis Fernando Veríssimo.
SANDRA CUREAU – advogada, subprocuradora-geral da República aposentada, associada e membro da diretoria da APRODAB, associada do IBAP, autora e coordenadora de livros e artigos sobre direito ambiental, direito do patrimônio cultural e direito eleitoral.









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