top of page

Dois pesos e duas medidas, o apoio das grandes potências do Ocidente ao genocídio sionista

Atualizado: 5 de dez. de 2023

-ZECA SAMPAIO-




A imprensa internacional, bem como a imprensa tradicional brasileira, em mais uma demonstração de que não são instrumento de informação, mas porta-vozes ideológicos do poder hegemônico, trata os eventos em torno da Faixa de Gaza como um “conflito Hamas-Israel”, como se o pobre Estado Sionista do Oriente Médio estivesse reagindo a um ataque injustificado de um grupo Terrorista de gente malvada que mata e tortura civis sem motivo nenhum. Não pode haver maneira mais distorcida e ideologicamente enviesada de descrever o que está acontecendo por lá.


Em primeiro lugar, seria necessário chamar o conflito pelo que ele é: a luta do povo palestino pela libertação da opressão Israelense, um povo sob ameaça de genocídio se revolta e busca chamar a atenção do mundo para uma situação que vem sendo invisibilizada e normalizada há anos.


Não é preciso voltar na história para debater a interminável série de invasões, colonização, medidas autoritárias, cerco e inviabilização da vida nos territórios palestinos perpetrada impunemente pelos sucessivos governos Sionistas de Israel. Legislações que permitem a Judeus tomarem propriedades de palestinos sem nenhuma justificativa, bloqueios que impedem a entrada de ajuda humanitária ao “maior presídio a céu aberto do mundo”, o campo de concentração em que Israel transformou a Faixa de Gaza.


Não importam as denúncias feitas por personalidades internacionais, os pedidos de ajuda do povo palestino, a solidariedade de povos que também sofreram colonização, interferência imperialista, perseguição e redução de suas terras produtivas. O poder hegemônico está do lado dos Sionistas e apoia um crime contra a humanidade que vem há décadas sendo cometido de maneira clara e explícita.


Qualquer observador menos manipulado por essas versões distorcidas apresentadas pela imprensa entenderá o que está em jogo quando um chefe de estado diz que seus inimigos são animais. A desumanização do outro é o passo principal para a autorização do genocídio.


O corte de água, luz e combustível, o cerco militar, o bombardeio incessante deixam claro que a intenção dos Sionistas não é a solução do conflito, mas a “Solução Final” da Questão Palestina. Desta vez, invocada pelos descendentes daqueles que foram as vítimas da famosa ação Nazista durante a 2ª Grande Guerra.


Cabe a pergunta: como um povo que sofreu o que sofreram os Judeus pode permitir, e até apoiar, que seus líderes repitam os mesmos atos genocidas com relação a outros povos?


Aqui, como sempre é preciso alertar que não se está acusando o povo Judeu, nem este texto tem qualquer sentido de perseguição a este. O que se está condenando veementemente é a ação genocida do governo Sionista (leia-se Neonazista) de Israel e aqueles que o apoiam. É com esperança de que a parcela do povo Judeu que não aceita esses atos consiga separar-se desse ódio irrefreado e tomar as rédeas da situação, levando a caminhos de negociação e de soluções pacíficas que se procura a explicação para essa sanha destrutiva.


Mas, essa reação, até certo ponto compreensível não explica o apoio generalizado que estes crimes contra a humanidade recebem de grandes potencias que não se cansam de proclamar aos quatro ventos a defesa dos direitos humanos, da democracia e da autogestão dos povos.

Faz-se necessário lembrar que este não é um fenômeno isolado de Israel, do povo Judeu, ou do chamado Oriente Médio. Esta é uma tendência crescente no mundo. O uso do ódio e da destruição do “outro” como força política e até econômica tem sido uma tática da extrema direita em todo o planeta. Trata-se de uma prática estrategicamente desenvolvida com grande eficácia por meio de propaganda feita pela imprensa, por grupos diversos que vão de igrejas a associações de classe e até de caridade. Nos últimos anos as redes sociais se tornaram um meio ainda mais poderoso de propagação dos discursos de ódio e de desumanização e demonização do “outro”. Porquê construir e propagar discursos de ódio? A quem interessa que os povos espalhados pelo mundo se odeiem e busquem a destruição mútua?


O caso Israelense demonstra que não há vacina contra o ódio e a desumanização. Um povo perseguido e maltratado durante séculos não se tornar necessariamente um povo mais compreensivo, mais pacífico. Pelo contrário, muitas vezes um povo injustiçado se torna um povo ressentido e, portanto, mais facilmente manipulado em direção ao ódio. O preconceito, o racismo, o ódio ao “inimigo” são mais facilmente atiçados em quem possui motivos para reagir ao mal sofrido.


Mas, essa reação, até certo ponto compreensível não explica o apoio generalizado que estes crimes contra a humanidade recebem de grandes potencias que não se cansam de proclamar aos quatro ventos a defesa dos direitos humanos, da democracia e da autogestão dos povos.


Os mesmos países que estão enviando apoio material aos limites de sua própria exaustão para a Ucrânia sob o argumento de ajudar um povo que viu seu território invadido por um país vizinho, estão planejando enviar apoio militar ao governo invasor que tem uma superioridade de armas quase que absoluta. Isto é, estão se dispondo a ajudar efetivamente na execução do genocídio do povo palestino planejada e anunciada pelo líder Sionista de Israel.


Ah, mas dirão alguns, os palestinos não reconhecem o direito de existência de Israel e do povo Judeu. Os palestinos matam civis, em atos terroristas, não são um povo, mas um grupo de assassinos que não merecem ser tratados com humanidade.


Não se pretende aqui debater com discurso de ódio, construído para justificar a matança indiscriminada de um povo inteiro.


Sejam quais forem os crimes cometidos de parte a parte, a única saída humanitária para a situação seria um desarmamento das partes, a delimitação de territórios para os dois estados livres e autogeridos e a convivência, ainda que com conflitos, até que os dois grupos aprendam a coabitar dentro de limites humanitários. Conflitos tidos como inconciliáveis já foram mediados e trazidos para uma convivência pacífica, este também não é irredutível.


Por ora, porém, este não parece ser o objetivo do poder hegemônico e, até agora, ainda não se viu uma reação das outras forças mundiais na direção de uma outra solução possível que não o genocídio.


Esta é uma grande oportunidade para que forças democráticas e antiviolência se levantem e exijam uma mudança de atitude. Afinal, o mundo precisa enfrentar em algum momento essa constante propagação de ódio, essa preparação interminável para a guerra, o conflito violento, e a normalização de uma estratégia de minar a paz, a democracia e a tolerância onde quer que elas proliferem e criem outra forma de convivência humana.

 

ZECA SAMPAIO, dramaturgo e romancista, é associado ao IBAP.




190 visualizações3 comentários

Posts recentes

Ver tudo
bottom of page