REFLEXÕES SOBRE MUDANÇAS
- Revista Pub
- 13 de mai.
- 3 min de leitura
-M. Madeleine Hutyra de Paula Lima-
Uma viagem e três dias de permanência de M. em uma cidade de porte médio no interior do Estado de São Paulo, a uma distância de mais de três horas de carro, resultaram nestas curtas reflexões. Como diz um trecho da letra da música Como uma onda no mar, composição de Lulu Santos e Nelson Motta,
“Não adianta fugir
Nem mentir prá si mesmo
Agora!
Há tanta vida lá fora
Aqui dentro
Sempre!”
Começou pela viagem de ônibus, pois evitou ir de carro pela primeira vez, por cautela. Teria que chegar ao Terminal Tietê, considerado o maior da América Latina (que têm ônibus para mais de mil cidades do Estado de São Paulo, 21 estados do Brasil e 4 países do Cone Sul, além de linha para o aeroporto de Guarulhos). Apenas lembrando, além desse do Tietê, a cidade de São Paulo tem outros dois grandes terminais rodoviários: Barra Funda e Jabaquara. Todos atendem uma população muito grande com destinos determinados e estão interligados com terminais de metrô, para facilitar o acesso.
No entanto, nem sempre é tão fácil o transporte de mala, a depender do horário da viagem e das condições do viajante para caminhar na baldeação. Esses fatores mais o tempo devem ser computados na viagem. Opção mais confortável até a rodoviária é o transporte público individual de táxi, mais cara, mas com maior fluidez por circular na faixa exclusiva.
O crescimento do tamanho da cidade e de sua população leva à necessidade de construir mais terminais para a demanda e a atual existência do Rodoanel para a ligação com as estradas próximas, podendo contribuir para melhorar o trânsito pesado das marginais.

O tempo da viagem de quatro horas e meia prevê uma parada obrigatória de meia hora para os passageiros e, em especial, para o descanso do motorista e fazer sua refeição. Acontece num determinado posto de serviços bastante conhecido com restaurante e loja de conveniência à beira de estrada, pertencente a uma rede monopolizada por certo grupo, com pontos em muitas estradas da região sudeste do Brasil (na campanha das eleições de 2018 vários desses postos a caminho de Serra Negra estavam “embandeirados”). No atual trajeto, o coletivo entrou em duas rodoviárias para embarque de passageiros, acrescentando meia hora ao tempo divulgado.
Refletindo sobre a cidade de São Paulo, a movimentada circulação rodoviária para os diversos destinos, saindo da metrópole e no retorno a ela, já indica a complexidade urbana, exemplo do seu caráter de polo de atração, seu dinamismo e ritmo, além de outras características que os seus habitantes sentem como um certo modo de vida, que os vai absorvendo e pelo qual são absorvidos, aceitando-o ou criticando-o.
M. era moradora da capital do estado e mesmo tendo habitado cidades maiores ou menores bastante tempo atrás, tinha pouca experiência em área rural. E, ainda que a conhecesse, as condições foram sendo alteradas no decorrer do tempo. Sabia que diferem os modos e os olhares de seus habitantes conforme as características das cidades fortemente influenciadas por sua destinação econômica.
Assim, resolveu focar os estudos numa imersão no interior do estado para entender e analisar melhor os fenômenos locais afetando diretamente a população local e buscando conhecer sua percepção.
De início, a novidade foi encontrar no programa específico de pós-graduação da universidade alunos numa diversidade quanto à localidade de residência, à formação acadêmica e aos objetivos, estes últimos criando facilidades e oportunidades de informações culturais, abrindo os horizontes interioranos. Seu entusiasmo cresceu diante do ânimo contagiante da academia na cidade do interior, o conhecimento aprofundado dos temas, a ótima didática e a simplicidade dos professores no trato com os alunos, sem uma áurea de sumidade que muitas vezes M. observara em alguns professores da capital.
Já se prenunciavam descobertas positivas com o acerto na escolha, desde as abordagens inter/multidisciplinares dos conteúdos, passando por trocas de aprendizagem entre os próprios alunos para trabalhar o projeto de estudo sobre questões relacionadas ao meio ambiente e impactos passíveis de observação principalmente em áreas rurais e com reflexo em áreas urbanas, e mais além.
Este entusiasmo inicial terá continuidade na busca renovada pela riqueza de informações no interior do estado nas idas periódicas para as aulas presenciais, no contato com os orientadores e, posteriormente, na coleta dos dados.
M. Madeleine Hutyra de Paula Lima é advogada, mestra em Direito Constitucional e mestra em Patologia Social e associada do IBAP. Publica sua coluna todo dia 13 do mês.
Comments