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O Exército de Israel em Brumadinho

Atualizado: 5 de dez. de 2023

Luiz Roberto Alves -



Vivi na região da Palestina / Israel por 3 anos. Nada do que a engenharia israelense conhece a (guerra, minas terrestres, terrorismo, reconstrução de espaços, desertificação) existia aqui. A despeito da possível boa vontade individual, em poucos dias os soldados israelenses viram que não tinham o que fazer. Não tiveram uma única ação distinta ou superior aos nossos bombeiros. A obstinada cavoucação dos nossos bombeiros enlameados e feridos é que foi o caminho único para devolver corpos aos familiares. Foi mais uma chacota politiqueira. Como conceber essa gente a governar um país grande?


Só quero dizer que o ministério de relações exteriores do governo Bolsonaro foi irresponsável e marqueteiro no convite à assessoria de militares israelenses, de fato especialistas em ações estranhas ao que aqui encontraram, o rastejamento em busca de corpos frios metros abaixo da lama fria.


Ora, não somente pelos equipamentos, mas pela expertise em situações de guerra, desertificação ataques e outros, como citados, os especialistas de Israel, desavisados, em pouquíssimos dias não tinham mais a colaborar, pois o denodo, a força sobre-humana, a paixão de encontrar conterrâneos chafurdando-se na lama como os bombeiros brasileiros e alguns voluntários sinalizaram aos israelenses que poderiam voltar, obrigado.


Não fosse pelo aproveitamento marqueteiro, com pitadas de religiosidade indesejada no estado laico (que são essas relações absurdas entre os supostos evangelicais e o governo de Israel) , soaria ingênuo e infantilizante esse convite do governo bolsonarista para que um grande empenho se revelasse desnecessário.


Os bombeiros que estão em Brumadinho, como foi em Mariana, aprendem na ação a realizar um trabalho impensável em sociedades responsáveis, nas quais a mais valia não se sobrepusesse ao valor do humano. Especialistas de qualquer lugar do planeta só teriam a aprender com os bombeiros enterrados na lama de Brumadinho com a missão de identificar pedaços de humanos vítimas do lucro, num crime incomparável, uma espécie de guerra do capital contra a vida no seu cotidiano.


Por isso, os israelenses afirmaram ter aprendido com nossos bombeiros, pois viram que não há tecnologia que substitua a bravura amorosa de encontrar irmãos indiferenciados na morte criminosa.


Vivi e estudei na região do Oriente Médio há muito tempo, mas acompanho os saltos tecnológicos, com suas bondades atinentes ao desenvolvimento e suas maldades na guerra contínua. Estranhei muito a vinda de especialistas onde rastejadores cheios de fé já faziam tudo o que era possível diante do crime.


Será que este país vive uma crise de ignorância máxima ou de profunda má-fé? Ou as duas atitudes a se complementarem?

 

Luiz Roberto Alves é Professor da ECA-USP.

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