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ENCONTRO DE SABERES NAS MARGENS DO OPARÁ

  • Foto do escritor: Revista Pub
    Revista Pub
  • 13 de out.
  • 4 min de leitura

-M. Madeleine Hutyra de Paula Lima-

 

Nesta semana, um território no Brasil vai pulsar em ritmo diferente entre os dias 15 e 19 de outubro, como antevê a chamada oficial,



"É nas margens do Opará – Rio São Francisco – no Semiárido Brasileiro no chão da Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF), Território Sertão do São Francisco Baiano – Juazeiro – BA e divisa com Petrolina – PE, que já correm as águas do Rio do Tempo do 13º Congresso Brasileiro de Agroecologia – CBA 2025. 


Caravanas dos diferentes territórios brasileiros se encontrarão entre 15 a 18 de outubro de 2025 na UNIVASF em Juazeiro – BA em uma culminância de inúmeras ações, iniciativas e mobilizações descentralizadas construídas ao longo do ano, tendo como centralidade a temática “Agroecologia, Convivência com os Territórios Brasileiros e Justiça Climática”.


Será nesse encontro plural e diversificado que um Brasil antigo e novo vai se reconhecer, se identificar, trocar experiências, ensinar e aprender. Cores, sabores, sons, danças, histórias, lendas, conhecimentos e ciências estarão presentes no movimento do 13º Congresso Brasileiro de Agroecologia – CBA 2025.[i] 


O próprio local de realização, a Universidade Federal do Vale do São Francisco é a primeira universidade federal com sua sede implantada no interior do Nordeste, tendo campi em três estados distintos da região, Pernambuco, Bahia e Piauí, nas cidades de Petrolina, Juazeiro e São Raimundo Nonato, respectivamente, além daqueles na zona rural de Petrolina, Senhor do Bonfim e Paulo Afonso, na Bahia, abrangendo uma variedade de disciplinas, com a missão de levar o ensino público superior de qualidade ao Semiárido. Na Univasf na cidade de São Raimundo Nonato, em Piauí, existe o mais antigo curso de Arqueologia no Brasil em universidade pública, na região da Serra da Capivara, que dá nome ao campus.


Os temas oficiais do Congresso abrangem 19 eixos, na sequência: Agriculturas Urbanas;   Ancestralidades, terra e território; Arte, Cultura, Comunicação Popular, Mídias Sociais e Agroecologia; Biodiversidade e conhecimentos das/os Agricultoras/es, Povos e Comunidades Tradicionais; Campesinato, Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional; Contra os Agrotóxicos e Transgênicos; Construção do Conhecimento Agroecológico; Justiça Climática, agroecologia e transformação dos sistemas agroalimentares; Educação em Agroecologia; Gênero, Feminismos e Diversidades na Construção Agroecológica; Infâncias e Agroecologia; Juventudes e Agroecologia;  Manejo de Agroecossistemas; Políticas Públicas e Agroecologia;  Saúde e Agroecologia; Sistemas Agroalimentares e Economia Solidária; Transições Agroecológicas para a Convivência nos Territórios; Inovações Camponesas e Tecnologias Sociais promovendo agroecologia e Animais na agroecologia.

 

Os Tapiris de Saberes são espaços de troca e aprendizado entre autoras(es) e coautoras(es) dos trabalhos aprovados no CBA. Foi colocada em prática uma ciência plural, construída diariamente nos territórios, nas organizações/coletivos, nas instituições públicas de ensino, pesquisa e extensão. “Tapiri” é uma palavra indígena do tronco tupi que é utilizada por diversos povos tradicionais na região Norte do Brasil e significa um lugar onde as pessoas se reúnem para compartilhar ideias, comida, inovações e experiências. Serão apresentados trabalhos nas seguintes modalidades:     


Resumos expandidos (Técnico-científicos); Relatos de Experiências Técnicas;   Relatos de Experiências Populares e  Relatos de Experiências populares em vídeo.

 

O 2º Festival de Arte e Cultura da Agroecologia (FACA) contará com dois palcos, cortejos, performances e artistas de diversas regiões do país; já no primeiro dia, na acolhida, haverá: Dupla de Cordelistas, Samba di Malê, Capoeira, Caravana Literária de Amargosa – Teatro e Coroas do Forró (Trio Nordestino), seguindo até o dia 19.


Entre as muitas histórias, destaque para a da Tia Liquinha, uma mulher negra, pioneira do quilombo de Várzea Queimada, na Bahia, que viveu mais de 100 anos sempre na luta pela liberdade de seu povo. Resistiu à disputa de terra e trabalhou na roça e no beneficiamento do licuri. Seu quilombo resiste até os dias atuais e tem Tia Liquinha como inspiração para a continuidade da luta por terra, território, cultura e pela segurança alimentar e nutricional. A Cozinha das Tradições Tia Liquinha fará a apresentação das 20 receitas selecionadas para participar da edição deste ano, com atenção à culinária do Semiárido, foco nas práticas agroecológicas presentes no território, incluindo a preservação de memórias ligadas aos modos de fazer, utensílios e outros elementos da cultura alimentar de povos e comunidades tradicionais. Os nomes das receitas já traduzem a diversidade dos sabores.


Haverá o lançamento de livros na Tenda Rachel Carson, nome em homenagem à autora do livro-denúncia dos impactos negativos do uso de agrotóxicos sobre os ambientes no mundo. Durante cada bloco, haverá exposição das obras com a presença de autoras e autores para diálogo com o público, organizadas de acordo com afinidades de abordagem com os 19 eixos temáticos do Congresso.


Esse mundo de novidades conjugadas dividirá espaço também com a Cozinha Agroecológica Dandara dos Palmares, o Refeitório Agroecológico Maria Bonita, as Feiras da Agrobiodiversidade e da Agroecologia, o cinema do FICAECO e a Comedoria Carrancas.


Terei a satisfação de compartilhar desta dinâmica inovadora, apresentar meu trabalho e conviver com esta experiência humana e cultural de aprendizado.


[i] Neste ano, o Congresso está sendo realizado pela Associação Brasileira de Agroecologia (ABA-Agroecologia), com organização local da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), do Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (Irpaa), do Serviço de Assessoria a Organizações Populares (Sasop), da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), da Universidade do Estado da Bahia (Uneb de Juazeiro), do Movimento dos Pequenos e Pequenas Agricultoras (MPA), da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), e do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sertão Pernambucano (IFSertãoPE), além da contribuição de representantes de diversas organizações, redes e articulações da sociedade civil, instituições de ensino, movimentos sociais populares, poder público e comunidades tradicionais.



Marie Madeleine Hutyra de Paula Lima é advogada, mestra em Direito Constitucional, mestra em Patologia Social e associada do IBAP. Publica sua coluna todo dia 13 do mês.



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