-FREDERICO ARZOLLA-
Escutar é um dom. Diante de tanta informação que circula pelo mundo, as mentes ficam imersas e distraídas. São muitos estímulos de todos os tipos e de todos os apelos.
Outro dom é ser verdadeiro. Não mentir para si mesmo nem para o outro. Aquele que mente perde a oportunidade de ser quem é e se molda a uma determinada situação.
Essa é a atenção que precisamos ter. É a sintonia entre o que somos e o que verdadeiramente a nossa alma almeja. Isso é necessário para que não haja uma desconexão, e assim, que haja verdade em nossas vidas.
Você está sendo verdadeiro? Pergunte-se sempre. Sou o que sou ou sou aquilo que os outros querem que eu seja? Como é difícil exercer essa autenticidade. Muitos costumam se adaptar, se moldar. Moldam-se tanto que em determinado momento entram em crise. Cedem tanto que se despersonalizam. Vivem à imagem e semelhança do outro.
É difícil nesta vida ser quem nós somos, o que somos. Há um cenário e somos colocados lá. E recebemos todo um pacote, um manual de instrução, os condicionamentos necessários para nos inserirmos na sociedade. Regras, normas ... para tudo há elas.
É um viver em uma rede de códigos e condutas, muitas delas previstas inclusive em lei. Outras, em preceitos e dogmas religiosos. Os condicionamentos também estão na cultura e padrões de cada sociedade.
Mas por que cheguei até aqui? É porque somos seres contextualizados e nossas ações, igual a um quadro, possuem certa moldura. E para progredir nesse meio, precisamos estar atentos a isso.
Quer ser livre? Planeje a sua liberdade. Conheça as forças e nelas se estabeleça para que consiga exercer a sua personalidade, aquele que se propõe ser.
Você sabe quem você é? Muitas vezes estamos tão inseridos que assumimos para nós a repetição do padrão.
Há que se ter ousadia para conquistar a liberdade. Liberdade, não no sentido de libertação como se estivéssemos presos, mas de sermos o que somos em essência, de conseguir neste mundo padronizante e homogeneizante, manifestarmo-nos, de resplandecer, de despertar e viver a luz de cada um. Luz que deve orientar o caminho de cada um. Luz que orienta e liberta.
Vejo luzes com medo, outras aprisionadas, outras acomodadas e muitas apagadas; diante do desafio de sermos nós mesmos, autênticos e assumirmos em vida esse compromisso conosco, de expressarmos a personalidade.
Vem a imagem da teia de uma aranha e a mensagem que ela me diz: liberta-te ou devoro-te. Esses emaranhados que compõem a moldura e o contexto são o meio mas não podem privar a essência de se manifestar.
Procurem exercer a personalidade desta vida, não se limitando por medo ou acomodação. Se há barreiras ou dificuldades? Sim, elas sempre estarão em nosso caminho. Mas, mesmo diante delas, procure manifestar-se e exercer quem você é.
Cada um de nós possui um sopro divino. Somos as várias faces de Deus, cada um manifestando de sua forma e em seu contexto.
Para que o divino possa abranger a Terra é necessário que cada um manifeste seu potencial. Que cada chama brilhe, e assim, ilumine. Receba esta luz, que ela alcance seu coração. Que ela o liberte para ser aquilo que almejas.
Tenha confiança, liberte-se das prisões, dos condicionamentos e da acomodação que transforma o ser humano em autômatos. Temos alma, temos vida. Não somos meras engrenagens de um sistema.
Somos criadores de realidades e como tais devemos nos portar perante o mundo. Humanizar o mundo é trazer alma em todos os processos; em vez de processos automatizados, processos conscientes.
Tragamos esta consciência ao mundo, aos processos e aos sistemas que permeiam a vida de cada um. Este é o grande choque do indivíduo ao lidar com as estruturas da sociedade. Ser quem nós somos diante de um mundo posto e conseguir diante dele realizar nossa jornada.
As mudanças dependem de não perdermos nosso potencial de liberdade frente à teia com todo o seu emaranhado. Dependem de nossa ousadia, de nossa capacidade em identificar e se associar a outros buscadores e assim contribuirmos para a construção de novas realidades.
Frederico Arzolla é Engenheiro Agrônomo, Doutor em Biologia Vegetal, Pesquisador em Conservação da Natureza e Florística e Fitossociologia de Árvores da Mata Atlântica e associado do IBAP.
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