top of page

O poder da palavra

-FREDERICO ARZOLLA-


Palavras podem ter efeito saneador, curador, assim como podem também ferir. Se optamos pela cura, elas vêm inspiradoras e energizadoras.


Podemos pelas palavras trazer discernimentos, visões que ajudam todos a entender com profundidade e agir com sabedoria.

Lutar pela verdade é algo que motiva nossas vidas, é nossa busca. Vocês podem perguntar, mas qual é a verdade? A verdade é o que prevalece, é o que está no cerne, na essência; quando se desnudam as camadas envoltórias e se chega aquilo que é, em cada ação, em cada situação, em cada momento.



Imagem - Frederico Arzolla

Há uma essência em todas as coisas e devemos buscá-la, como princípio orientador e norteador. Se começarmos a ver a vida com este olhar vamos despir a vida de todos os acessórios que criamos, todas aquelas camadas pesadas de construções e justificativas que ora usamos para conseguir viver e lidar com o mundo, da forma como o sentimos e reagimos diante dele. Quando no despirmos destas vestes e começarmos a pulsar a essência, talvez nossas necessidades diminuam muito e passemos a ser mais simples.




Por trás de comportamentos há reações a um mundo e à forma como o vemos e o sentimos. Há personalidades construídas com seus modos de vida, muitas viciadas e desviadas de um bom caminho. Como reagir diante delas?


Em primeiro lugar, não sendo igual a elas. Se ao vermos o mal nas pessoas e identificá-lo, e reproduzirmos esse comportamento, irradiamos o mal na Terra e seremos espelho para que ele reflita. Mas se ao depararmos com ele, o identificarmos e o isolarmos, e reagirmos a ele, contrapondo com o bem, nós o aniquilaremos.


As pessoas também carregam o mal dentro de si e em oportunidades o vivenciam, exercem-no. Se não houver o contraponto, continuarão a sua jornada. Ser o contraponto é algo desgastante, por vezes, mas é libertador.


Em uma estrada, postes de iluminação cumprem seu papel e mostram o caminho. Se optarmos por caminhos escuros, embora tenhamos essa liberdade, haverá situações indesejáveis.


Seguir a luz não é seguir caminhos pré-definidos e eliminar a liberdade individual. Mas, é seguir preceitos orientadores e norteadores que iluminam o caminho, onde quer que estejamos, em qual parada, altura ou percurso estivermos.


Há os princípios da fraternidade, do amor ao próximo, do respeito, da convivência cordial e saudável entre as pessoas. Há os princípios espirituais de cada um e dos grupos a que pertencem. Há as regras de conduta em sociedade para a boa convivência.


Através da palavra e não mediante o emprego da violência, precisamos nos relacionar. A palavra é norteadora e esclarecedora. Precisamos usá-la e exercitar o seu dom. Mesmo em situações de desespero, é a palavra que conforta, que orienta, que esclarece, que reivindica, que mostra, que sensibiliza, que indigna, que expõe e que convence.


A palavra acrescida da amorosidade, permite ver tudo com os olhos da razão, irrigados pelo coração, pelas lentes da empatia e amor ao próximo e a si mesmo.

Estas visões mostram que razão e emoção devem estar lado a lado, uma irrigando a outra, para que sejamos justos, porém fraternos, que nossas palavras levem sempre a bem aventurança.


Se queremos transformar desde o pequeno mundo que nos cerca, na esfera das relações de trabalho, nas relações pessoais, até o Planeta, temos que semear no mundo aquilo que poderá transformá-lo. Se os semeadores forem muitos e se multiplicarem poderemos a longo prazo conseguí-lo.


Quanto nos omitimos, ou deixamos para lá, em nossos comodismos individuais, quando o que ocorre não nos afeta? Quanto deixamos de agir para não ameaçar nossos pequenos privilégios diante de pessoas prejudicadas?


Transformar palavras em ações, sendo assertivo perante o mundo, é necessário. A conivência do silêncio e da omissão também mata, desmata, polui, envenena, desde os rios, as terras e as próprias almas.


Há um mundo em desequilíbrio, sustentado pela exploração do ser humano, pela subjugação dos outros seres e pelo exaurimento do Planeta. Há também centros egóicos de poder disseminados que se nutrem do infortúnio alheio.


A palavra, a ação e o amor cumprem papel de revolucionar este status quo. Mudar este mundo exigirá este esforço. Compactuar com ele é abandonar os princípios. É seguir o rumo da destruição que segue o Planeta, conduzido de forma irresponsável e exploratória. Muitas lutas terão que ser travadas para se ter a justiça socioambiental.


Há estruturas de poder fortemente arraigadas na sociedade. Há estruturas de dominação que cegam multidões, aniquilando suas chances de se portar perante a vida com discernimento.


Aqueles que percebem tem a missão de não se acomodar e lutar de forma assertiva para transformar este mundo, livrando-o da prisão em que se encontra, quebrando as correntes da dominação das mentes.


Sejam fortes, como faróis a iluminar, resistindo à quebração das ondas, orientando as embarcações a desviarem das pedras. Sejam as luzes que conduzem por um bom caminho. Sejam combativos, que as palavras também se tornem ações para que esta se torne mais efetiva.


Ilumine, irradie, coloque para fora todo o seu potencial, pois a nós é facultada a escolha do caminho que queremos seguir.


Reunam-se, congreguem, pois esta luta não é individual, perpassa todos os indivíduos. É uma corrente, uma associação de todos aqueles que querem se tornar ativos nesta construção.

 

Frederico Arzolla é Engenheiro Agrônomo, Doutor em Biologia Vegetal, Pesquisador em Conservação da Natureza e Florística e Fitossociologia de Árvores da Mata Atlântica.




310 visualizações1 comentário

Posts recentes

Ver tudo
bottom of page