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A batalha de Vini Jr.

-IBRAIM ROCHA-




Arte - Aloisio Van Acker

As Arenas de Futebol da Espanha substituíram o gosto de certos torcerdores órfãos de Francisco Franco do sangue das touradas pelo apetite do desprezo pela dignidade humana. Uma arena torna próximo o som da turba como uma corda de som única, essa vibração deveria ressoar somente a alegria ou tristeza da disputa esportiva, espelhada no suor dos atletas de alto nível que cruzam o gramado.


Este cenário é que tornam mais infames as ações racistas contra Vini Jr , um jogador com origem em São Gonçalo, no Rio de Janeiro, um brasileiro, que, apesar de sua juventude, mostra ter a fibra de um homem maduro na defesa dos seus princípios e claramente não luta apenas por ser vítima do racismo, mas para que ninguém mais o seja no seu esporte, o que, evidente, só pode acontecer se houver ação concreta contra os infames racistas.

O último evento, deprimente, que encerrou com a expulsão do atleta e a controvérsia que seguiu, revela como existe uma “naturalidade” em procurar subterfúgios para diminuir a gravidade da ofensa, e, ainda se procura esticar ao máximo a versão de que a reação do ofendido não tem proporcionalidade com o evento ou que serviria de combustível aos ataques racistas.

As touradas tem como regra de que o Touro deve sair morto da Arena, é uma norma para assegurar de que só assim o espectador tem o círculo completo do espetáculo tragédia, mas no futebol encontraram um jovem que não aceita ser o Touro, e nem o toureiro, que apesar da roupa galante, é apenas um carrasco a atender o desejo de sangue da turba, ele é sim um negro brasileiro que constrói um esporte para a real alegria, com garra e a luz da dignidade, para debelar o gosto de sangue que ainda lateja nas arenas espanholas.

 

IBRAIM ROCHA é Procurador do Estado do Pará, Doutor em Direito (UFPA) e membro do Conselho Consultivo do Instituto Brasileiro de Advocacia Pública.





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